quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sigo ali, pintando...

Adash van Teufel, autor desse blog, estaria completando hoje 30 anos.
Se não tivesse acordado do sonho desta vida terrena há pouco mais de um mês atrás.

Em conjunto com Nei Naiff, estavam projetando a produção de um Tarô, que Adash pintaria.
Infelizmente, a única referência deixada por ele disso é esse rascunho do arcano da Imperatriz. Rabiscado em poucos minutos, num momento de inspiração.


Falando sobre o que pretendia expressar com a figura, disse algo próximo ao que segue:

“Ela está enraizada, como se fosse a Mãe-Terra, a Natureza em fruição. Está grávida e protege o ventre com o cetro. Gerando vida com esse movimento.”

Pouco tempo depois, já debilitado, ele participou de um concurso promovido pela US Games Brasil no Facebook, criando esse Ás de Copas, para o qual deu a seguinte descrição:


“Desenhei o Ás de Copas como uma invocação às forças de cura. Estou doente há 1 semana e de repouso em busca de melhoras.
A mão verde que surge do lago refere-se ao nosso lado curador, afinal Verde é Vênus e é a Natureza. Curar através do Amor.
Esta mão sustenta uma taça, onde duas rosas que surgem das profundidades do lago se elevam e se intercambiam para encher a taça , com o amor mais puro e profundo. Não existe cura se a cura não estiver no coração – formato sugerido dos caules das rosas sobre a taça.
Em três níveis de força, Vermelho temos o amor em forma de paixão, Violeta o amor que transforma e Azul o Amor tranqüilo e confiante, que dá sustentação à vida.
A razão pela qual adoeci foi não ter colocado um ponto final em situações superficiais que só tomavam meu tempo e se dissimulavam de amor. Uma vez desenhando a taça, é como invocar os poderes dela para que limpe essas histórias da minha vida e tudo o que surja à partir de agora (pois o Ás de Copas é um início) seja pleno, completo e profundo em todos os níveis da minha vida. Ou em todas as formas de manifestação do Amor.
Troco os pseudo-amores pelo Amor Próprio, pois este é real.”


Mesmo que as duas cartas tenham sido desenhadas para propósitos diferentes, é possível perceber semelhanças no estilo comum a ambas. É provável que essa característica “Mãe Natureza” fosse ser o traço marcante do baralho que ele iria ilustrar. Infelizmente não saberemos, resta-nos imaginar.

De todos os inúmeros blogs que idealizou e executou, este foi, sem dúvida alguma, sua obra prima. O ponto culminante do encontro da sua identidade, no mix entre arte & arcano, em um Studio Tarot.
Que será mantido no ar, como arquivo e memória de suas idéias e expressões.
À medida que for compilando suas anotações pessoais sobre o tema, postarei aqui.


Assim, saltando do trem da vida, vivenciando o seu Louco, como em seu derradeiro conto...

O Mago do Destino deixa suas ferramentas;
O Tarólogo fecha seu baralho;
O Terapeuta Floral encerra suas fórmulas;
O Artista descansa seus pincéis;

... e segue rumo ao encontro da sua Alma.

Para nós que o amamos, Adash não morreu, assim como costumava finalizar suas postagens nesse blog, ele apenas “segue ali, pintando”.

sábado, 5 de novembro de 2011

* Examine a consciência

Ajustamento (A Justiça) e O Éon (O Julgamento) ~ Crowley-Harris Thoth Tarot ~ Fonte: Albideuter.de

Dentre todas as minhas experiências com a espiritualidade que vão para além da pura teoria, tive a oportunidade de conhecer a Doutrina do Santo Daime. Basicamente, um chá alcaloide xamânico (Ayahuasca) é servido durante um rito de concentração e, enquanto a percepção é aberta e acelerada, hinos são tocados com violão e maracá, acompanhados do canto dos participantes, para que se trabalhe uma linha de pensamento focada no processo de transformação pessoal.

Num misto de cultura da floresta, pinceladas afro-umbandistas e simbolismo cristão-católico, com a percepção voltada para o astral, os hinos tomam uma forma belíssima de som, cujo ponto importante de conscientização do indivíduo está justamente na letra, explicitamente, daquilo que é cantado. A porta, que leva das trevas da ignorância à luz da razão (Deus Pai - Deusa Mãe), proporciona precisamente o acesso da mensagem versus a auto-análise, com o objetivo óbvio de que a pessoa pense, avalie a si mesma e mude sua atitude perante a vida.

Participei poucas vezes, creio que foram somente cinco ao longo de cinco anos. Mas minha perspectiva pessoal se alterou muito após o processo e posso dizer que sim, aprendi, procurei melhorar a mim mesmo e entendi passos do meu caminho espiritual. Foi como um processo de iniciação onde, tudo o que houve antes foi apenas teoria e ali eu pude ver, indubitavelmente, a existência sólida e presente de um mundo "astral" ou "espiritual".

Auto-análise. Este tema tem estado presente em minha vida durante alguns anos. Busquei formação em terapia floral de Bach, autoconhecimento com o tarô, cabala hermética, transformação interior e espiritualidade independente para ter um pacote completo e poder realizar minhas próprias análises com sucesso. Não basta apenas dar-me conta dos meus erros ou pré-disposições em errar. Mas transformar as atitudes.

Bela e ricamente vejo estampadas nas lâminas do tarô de Thoth (Crowley-Harris), especialmente no Ajustamento e O Éon, a culminação pictórica deste processo interior. No Ajustamento, percebo a tentativa de alinhamento, busca de equilíbrio e exatidão, configuradas na imagem feminina de Maat, vendada, para que o indivíduo seja convidado a passar por cima de sua própria vaidade e enxergue em si mesmo aquilo que está em desalinho.

Por outro lado, o Éon mostra a continuidade do processo. Uma vez alinhado, tendo aprendido a escolher lá atrás, em Os Amantes, o indivíduo é convidado a perceber com responsabilidade suas atitudes. Ação e reação, claramente expostas. Responsabilidade sobre aquilo que expressa, a forma como age, as palavras que fala e a consequência de suas escolhas. O dedo de Khonsu, aqui, evoca o silêncio e também contemplação.

Juntas, seriam um pare, analise, observe a si mesmo e reflita sobre as atitudes que toma. Seja fiel à balança. Ao equilíbrio. Aos seus acordos. E aqui, apresento um dos hinos do Santo Daime, que cabe perfeitamente neste contexto. "Examine sua consciência", parte da "Oração do Padrinho Sebastião", é o hino introdutório do hinário que serve-se como a apresentação da mensagem doutrinária àqueles que querem conhecer a doutrina em si.

Examine a consciência


"Examine sua consciência" ~ Oração do Padrinho Sebastião ~ Fonte: Santodaime.Org

Examine a consciência
Examine direitinho
Sou Pai e não sou filho
Mas eu não faço assim

Chamo de um a um
A todos eu mostro o caminho
Fazendo como eu mando
Tudo fica bem facinho

Todos podem se lembrar
Do tempo de Noé
A doutrina do meu Pai
Eu ensino como é

Vamos meus irmãos
Vamos todos se humilhar
Pedir nosso perdão
Para o nosso Pai nos perdoar

Quem quiser que se aguente
Não tem a quem se queixar
Eu bem que avisei
Que havia de chegar

Encontrado em: Santodaime.org

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

* Principado poético

A realeza do tarô nos presenteia com 16 figuras humanas. Um cavaleiro, uma rainha, um príncipe e uma princesa, para cada naipe. Ou, conforme os baralhos, pode ocorrer alteração nos nomes, como o cavaleiro ser o rei, a rainha a dama, o príncipe um valete e a princesa o pajem ou o escravo.

Independente das nomenclaturas, estas 16 figuras retratam 16 tipos de atitudes padrões humanas, assim como tipos de personalidade. Ultimamente, estou estudando a possibilidade da personalidade da pessoa ser retratada em uma carta principal, porém, as 3 restantes, de mesmo nome, mas dos outros naipes, ainda assim falam sobre os padrões de atitudes que toma.

Eu me identifico naturalmente com o Príncipe de Paus. Assim sendo, minha estrutura de personalidade compreenderia a presença dos outros 3, em Espadas, Copas e Ouros. Por sincronicidade da Fortuna, fui apresentado a 4 poesias, que retratam conteúdos relacionados aos Príncipes. Na ordem Espadas (a mente), Copas (as emoções), Paus (a energia/ação) e Ouros (a matéria), compartilho esta visão singular, mas que criou em mim um entendimento dos meus próprios aspectos interiores.

Príncipe de Espadas


Príncipe de Espadas ~ Crowley-Harris Thoth Tarot ~ Fonte: Albideuter.de

AVANÇO AO RETROCEDER


Viagem, bagagem.
Divago em bobagens
... mãos firmes no volante,
pés ágeis.. sigo em frente,
enfrento longa viagem.
À frente, o futuro
Enfrento um passado duro
sigo ao seu encontro.
Seguindo.. viajo para trás
... lembranças, volto no tempo
e, ele para mim jamais!


Rogessi de A. Mendes (Esther). Como publicado em: Luso-poemas.net

Príncipe de Copas


Príncipe de Copas ~ Crowley-Harris Thoth Tarot ~ Fonte: Albideuter.de

POEMA DO NADADOR


A água é falsa, a água é boa.
Nada, nadador!
A água é mansa, a água é doida,
aqui é fria, ali é morna,
a água é fêmea.
Nada, nadador!
A água sobe, a água desce,
a água é mansa, a água é doida.
Nada, nadador!
A água te lambe, a água te abraça
a água te leva, a água te mata.
Nada, nadador!
Senão, que restara de ti, nadador?

Nada, nadador.


Jorge de Lima. Do livro: "Poemas - Jorge de Lima" [selecão de Gilberto Mendonca Teles] , Global Editora e Distr. Ltda, 1994, SP

Príncipe de Paus


Príncipe de Paus ~ Crowley-Harris Thoth Tarot ~ Fonte: Albideuter.de

ENCARA O DESAFIO DO TEU JEITO


Levanta a mente do corpo calado
Acorda os pensamentos corretos
Que o dia já anda acordado

Encara o desafio do teu jeito
Como mesmo fosse a coisa última
A ter no mundo o teu conceito

A coisa se faz com cuidado...
A coisa se faz com respeito...
Não se faz a coisa forçado...

Que tua alma voará num céu eleito
Que o dia aclarará a tua vida
Que vida brotará no teu peito

E a coisa vai ser para ti
O que sempre imaginaste
Que a coisa seria em si:

Menos força, mais jeito.


Gê Muniz. Como publicado em: Luso-poemas.net

Príncipe de Ouros


Príncipe de Ouros ~ Crowley-Harris Thoth Tarot ~ Fonte: Albideuter.de

PEDRAS, PÉTALAS... PÓ.


Nas ruas da nossa vida
Pisamos pedras rolantes
Que nos levam à porfia
De caminhos tão errantes!

Às vezes temos guarida,
Às vezes, deambulantes,
Não passamos de vadios
Meras sombras caminhantes...

E as pedras do caminho
Podem ser pétalas soltas
Aos pés do nosso destino...

Ou armas de arremesso,
Se deixarmos as revoltas
Revelarem o avesso.

"Pedras a quem me confesso,
Cumpridas todas as voltas,
Sereis só pó, no regresso..."


Teresa Teixeira (Videira). Como publicado em: Luso-poemas.net

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